quinta-feira, 23 de junho de 2011

SONETO DE AMOR - XLIV


SONETO DE AMOR
XLIV



Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

PABLO NERUDA

( do pocketbook L&PM : Pablo Neruda - Cem Sonetos de Amor )

2 comentários:

  1. Eta, o amor acontece à toda hora!
    Que coisa linda!

    Estou seguindo-te aqui, Flávia.

    beijão...

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  2. Coroa de Espinhos

    Cravaram-lhe uma coroa
    Cravejada de espinhos,
    Manchada com o seu sangue
    Sob aplausos e risos de algozes.

    Ele trouxe mensagens de esperança
    Para um mundo povoado de hienas.
    Os ferrolhos abriram o templo
    Onde a hipocrisia asfixiava fariseus.

    A caminho do Calvário
    Ele se pôs a seguir.
    A cada passo, um tombo,
    Em cada tombo, uma mensagem,
    Em cada chibatada, uma oferta de perdão.

    Sua vinda iluminou mentes obtusas
    Que antes se negavam a ouvi-lo,
    Que mais tarde se negaram a escutá-lo.

    Na cruz ele viu o mundo
    E ofereceu-se em holocausto.
    Seu último suspiro a humanidade
    Ainda ousa não ouvir:
    “Amai aos outros como a ti me

    *(Agamenon Troyan)

    Do livro “O Anjo e a Tempestade”.

    Contato com o autor e editor do Fanzine Episódio Cultural: machadocultural@gmail.com

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